quinta-feira, 18 abril 2024

Alerta – Pessoas que tiveram AVC têm mais risco de infarto

Indivíduos que sofreram acidente vascular cerebral (AVC) apresentam maior risco de infarto.

Um estudo recente da Faculdade de Medicina da Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP) feito com 120 pacientes e publicado na revista Cardiology and Cardiovascular Medicine mostra que existe relação entre o histórico de AVC isquêmico (quando o fluxo sanguíneo no cérebro é obstruído em razão de coágulo) e o risco de outras doenças vasculares, incluindo infarto do miocárdio e novas ocorrências de AVC, duas doenças que estão entre as principais causas de morte no Brasil.

No Hospital das Clínicas da FM-USP, os cientistas analisaram um padrão chamado “escore de cálcio”- indicador de risco de depósito de gordura nas artérias do coração calculado por meio da análise de imagens obtidas por meio de tomografia – em 80 pacientes que tiveram AVC isquêmico e em 40 voluntários sem registro da doença.

“Dentre os pacientes que tiveram AVC, 85% apresentaram um escore de cálcio acima de zero, contra 57,5% dos indivíduos sem AVC”, disse Ana Luíza Vieira de Araújo, autora do estudo, realizado durante seu doutorado na FM-USP.

“Dentre os pacientes que tiveram AVC, 85% tiveram um escore de cálcio acima de zero, em contraste com 57,5% dos indivíduos sem AVC.

Pacientes com AVC e placas de aterosclerose em artérias cervicais e intracranianas tiveram os escores de cálcio mais altos que os demais participantes da pesquisa.

Isso não quer dizer que essas pessoas terão necessariamente um infarto ou outro AVC, mas o fato de terem esse resultado mesmo já fazendo tratamento para evitar o problema acende um alerta”, diz à Agência FAPESP Ana Luíza Vieira de Araújo, primeira autora do estudo, realizado durante seu doutorado na FM-USP.

O trabalho integra um projeto financiado pela FAPESP e coordenado por Adriana Bastos Conforto, livre-docente e orientadora de pós-graduação da FM-USP.

“Hoje, os pacientes que tiveram AVC têm indicação de medicamentos que por si só deveriam prevenir a doença coronária. São controlados fatores de risco para aterosclerose, como hipertensão arterial e diabetes.

Mesmo assim, eles tiveram um escore de cálcio que sugere uma maior propensão a um novo AVC ou a um infarto”, explica Conforto.

O estudo foi coorientado por Márcio Sommer Bittencourt, médico do Hospital Universitário (HU) da USP.

O cálcio é um componente natural do sangue e sua circulação pelas veias e artérias é normal.

O mineral pode se acumular em placas de aterosclerose, doença que causa enrijecimento das artérias e favorece sua obstrução por coágulos (trombose).

Nesses casos, ocorre a diminuição do fluxo de sangue para órgãos como o coração (levando a infarto do miocárdio) ou o cérebro (levando ao AVC isquêmico). Essas doenças estão entre as principais causas de morte no Brasil.

Acompanhamento de pacientes

A pesquisa chama a atenção para a necessidade de um acompanhamento mais atento dessas pessoas, que têm risco aumentado de sofrer um novo AVC ou um infarto.

“Pacientes que tiveram AVC muitas vezes apresentam sequelas cognitivas e têm dificuldade de aderir ao tratamento.

Os resultados sugerem que eles precisariam ser acompanhados mais de perto, por exemplo, pelos profissionais do Programa de Saúde da Família do SUS [Sistema Único de Saúde].

Essa e outras estratégias poderiam evitar que morressem de problemas cardíacos, mesmo tendo sobrevivido ao AVC”, diz Conforto.

As doenças cardiovasculares são a maior causa de morte no mundo, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde).

Entre os casos de AVC, 85% são isquêmicos e, desses, entre 20% e 25% são causados por aterosclerose.

Em países desenvolvidos, programas baseados na adesão ao tratamento e na melhoria do estilo de vida tiveram uma redução no número de mortes.

“No Brasil, esse é um problema de saúde pública sério e precisa ter uma atenção diferenciada”, afirma a pesquisadora.

Um sinal da prevalência do problema é que, durante o estudo, parte do grupo usado como controle, sem histórico de AVC, também apresentou fatores de risco para aterosclerose.

Ainda que tivessem menos propensão do que os que haviam tido acidente vascular cerebral, o grupo de voluntários “saudáveis” apresentou, em sua maioria, escores de cálcio maiores do que zero, o que é um indicador de risco.

“Muitos só descobriram que tinham diabetes ou colesterol alto por conta do estudo”, conta Araújo.

Portal Voxnet – Via Saúde

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