Paraguaios recebem da Funai identificação como brasileiros, invadem terras e recebem benefícios sociais do governo brasileiro.
A coluna teve acesso a documentos que comprovam que pelo menos 29 paraguaios receberam registro como indígenas que nasceram no Brasil.
Estes homens e mulheres participam de invasões de terras em cidades da região Oeste, como Guaíra e Terra Roxa, e reivindicam propriedades privadas como sendo terras indígenas.
A apuração realizada pelos jornalistas Ricardo Vilches e Pedro Neto mostra que o conflito entre indígenas e agricultores está sendo registrado há pelo menos dois anos na região.
Supostos indígenas reivindicam novas terras, alegando que durante a construção da Usina de Itaipu, muitas áreas rurais foram alagadas e os territórios seriam espaços que não passaram pelo processo de demarcação.
Mas, documentos comprovam que nem todos esses supostos indígenas são realmente nativos da região.
As irregularidades foram descobertas em 2017 após barreiras no posto da Polícia Federal (PF), na fronteira, abordar veículos e descobrir paraguaios com documentos fraudulentos.
“Foram abordadas várias vans e táxis, justamente no dia da eleição no Paraguai.
As pessoas, ao serem abordadas, entregaram documentos dizendo serem paraguaios. Mas essas pessoas também eram atendidas como indígenas em Guaíra.
Essas pessoas alteraram nomes e sobrenomes.
Pessoas de 45 anos passaram a ter 60 anos no Brasil”, diz Edson Manoel Auler, ex-secretário de Segurança Pública de Guaíra.
Outro caso é o de Gabina Guaray Gonzales, que nasceu no dia 30 de dezembro de 1974 no Paraguai.
A mesma mulher tem outro documento, dizendo que nasceu em São Miguel do Iguaçu (PR) e que relata que seu nome é Gabina Gonçalves, com a data de nascimento registrada como 30 de dezembro de 1961.
Ou seja, ela seria 13 anos mais velha do que diz no documento paraguaio.
“Conforme a Ficha de Cadastro e Acompanhamento Indígena do CRAS, observa-se que a Sra. Gabina já está sendo assistida no Programa Bolsa Família do Governo Federal, recebendo proventos no valor de R$ 856,00, constata-se também que sua mãe possui o sobrenome de ‘Garai’ que trouxe toda a sua família oriunda do Paraguai para à área denominada ‘Tekohá Porã’ igualmente recebe cesta básica do município”, diz parte do relatório ao qual a coluna teve acesso.
Com os 60 anos completos, Gabina passa a ter direito a aposentadoria no Brasil.
A investigação aponta que esse foi o motivo para a fraude no ano de nascimento da paraguaia.
Um terceiro caso é Eugênio Escobar.
O paraguaio tem documentações afirmando que nasceu na cidade de Guaíra e, que reside na Aldeia Tekoha Karumbey, contrariando a própria identificação, que afirma que ele é de Salto Del Guairá.
Paraguaios assumiram que invadem terras fingindo serem indígenas.
A investigação aponta ainda que vários paraguaios que ocupavam os veículos abordados, que os conduziam ao Paraguai para votação, declararam informalmente que após a eleição, retornariam para as áreas invadidas no Brasil.
Os próprios abordados pelos agentes de segurança afirmaram que aguardavam a Funai liberar a documentação para serem declarados indígenas brasileiros nascidos em Guaíra e região.
O Grupo RIC procurou a Funai, mas não conseguiu contato até o momento.
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