Pescadores têm relatado situações de perigo no Lago de Itaipu e do Rio Paraná, em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná.
Um dos pescadores disse que teve a embarcação roubada.
Além disso, os suspeitos o deixaram amarrado na margem paraguaia do Rio Paraná após o assalto.
“A embarcação foi se aproximando, como se fosse de pescadores normais. Uma embarcação de pequeno porte.
A gente estava normal, em nenhum momento achamos que seria ladrão.
Quando a gente foi abordado, já fomos abordados com tiros.
Não deu tempo de reação, tiro de fuzil.
Nós fomos jogados na embarcação, fomos amarrados com enforca gato, fui amarrado com o braço para trás.
Eles só falavam que a gente estava no luar errado, no momento errado, na hora errada.”
De acordo com os pescadores, que não quiseram se identificar, os riscos nas águas aumentaram após o fechamento da tríplice fronteira, entre Brasil, Paraguai e Argentina. Um deles trata a situação como período de terror.
“Se eu estiver com meu filho ou com a minha filha, chega alguém para te assaltar e manda você pular na água.
Que sentimento, que sensação você vai ter?
O terrorismo. Nós somos adultos, mas e uma criança pescando? Meu filho ama pescar. Medo de morrer.”
De acordo com a Polícia Federal (PF), a fiscalização na fronteira foi intensificada desde o início da pandemia, com o fechamento das pontes.
“Agora está mais perceptível porque os olhos estão mais voltados para o rio, em virtude do fechamento da ponte.
Então existe uma movimentação um pouco maior do que existia antes e a fiscalização foi aprimorada.
Estamos trabalhando com a Marinha, Exército, Polícia Civil, Polícia Militar, BPFron, Força Nacional, todos na Operação Hórus, fazendo a fiscalização do rio e do lago”, disse o delegado da PF Roberto Biasoli.
Um dos pescadores, que trabalha com pesca no Rio Paraná há 37 anos, disse que além do medo que os profissionais têm enfrentado, a Marinha paraguaia pede que eles se afastem do rio.
“Está sendo feito um toque de recolher no rio e no Lago de Itaipu. Os pescadores não podem sair à noite para colocar seu material na água.
À noite está sendo muito perigoso, porque eles estão levando rajadas de tiros. Os pescadores estão passando mal momento com essa questão de segurança.
Moradores que conhecem há muitos anos a região do Rio Paraná, disseram que a situação ficou grave nos últimos meses.
“A gente tem família para sustentar e não tem como trabalhar.
Nós somos inocentes na beira do rio. Pescador não tem como se proteger.”
Segurança nas águas
O Rio Paraná e o Lago de Itaipu são usados por criminosos para o transporte de armas, drogas e mercadorias do Paraguai.
De janeiro até julho de 2020, foram apreendidas mais de 17 toneladas de droga nas águas da fronteira, ou seja, 10% a mais do que foi apreendido no mesmo período de 2019.
Conforme o delegado da PF, a orientação é de que qualquer tipo de movimentação suspeita no rio e no lago seja comunicada às forças de segurança.
“Quando essas situações acontecerem, que tragam à Polícia Federal.
Estamos abertos, 24 horas, para receber qualquer tipo de denúncia e informação nesse sentido.
Aí sim poderemos proceder.”
G1
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